Cacá Bratke
Memória e identidade fazem parte da produção artística da fotógrafa Cacá Bratke. Na exposição intitulada Olhar de Laura, na Temporada de Projetos, apresentou uma série de imagens borradas e cinzentas de paisagens, pessoas e elementos vistos em grande proximidade, o que os torna quase abstratos. A artista foi assistente do fotógrafo Bob Wolfenson na década de 1990 e atualmente atua como fotógrafa freelancer nas áreas de arquitetura, decoração, entre outras.
Juliana Monachesi
Em uma sucessão de reflexos frenéticos, a obra de Cacá Bratke põe em jogo a constituição primeira do olhar e da identidade. Ninguém se lembra, mas até os seis meses de idade somos incapazes de apreender imagens. A psicanálise nos ensina que a imagem que o bebê tem de seu próprio corpo, por exemplo, é toda fragmentada: os pequenos dedos que ele movimenta diante de seus olhos não lhe pertencem, mas o seio que o alimenta não pode ser senão uma parte dele. A etapa do espelho, como a conceituou Lacan, consiste no momento em que a criança se apodera de sua autoimagem. Ela se "olha no espelho" e se diferencia do resto do mundo. Muitos identificam a mãe, ou os olhos maternos, como o primeiro espelho do bebê, onde ele não vê a mãe nem o mundo, mas a si mesmo.Realização: