Tuca Stangarlin
Em 1998, Tuca Stangarlin completou dez anos de trajetória artística. A instalação Toloméia, apresentada na Temporada de Projetos, foi inspirada no inferno gelado da Divina comédia, de Dante Alighieri. Os pares de sapatos alinhados evocam o luto e a ausência presentes em seu trabalho. Em 1997, participou da exposição Plano B, paralela à 1ª Bienal do Mercosul, e esteve em cartaz com a individual Olhos que não vêem, no Museu de Arte Contemporânea, ambas em Porto Alegre.
Maria Helena Bernardes
Quando se fecha um ciclo decorre um luto. A revelação da perda acontece através de sinais inusitados: a visão de uma série de sapatos alinhados evidentemente evoca o luto que o artista foca neste trabalho, mas as espumas onde desemboca finalmente o visitante em TOLOMÉIA falam de outra morte, que não está no fragmento de literatura que apoia a instalação ( o inferno gelado de Dante ). O outro luto aponta para a passagem de quem cumpre com esta exposição dez anos de trajetória. Neste fechamento, a juventude da primeira fase do artista dá lugar à expectativa de um caminho para a maturidade e só ela poderá confirmar o artista daqueles primeiros anos. O último ambiente da instalação é rude e abrupto, desconhecido, é uma sinalização da aceitação da perda de domínio da situação, seja da articulação formal exibida nas cenas anteriores ou do apoio figurativo associado ao texto. Nada mais apropriado do que dúvida, luto e despojamento para que a passagem se cumpra, projetando o artista do seu centro para o centro da arte, entregando-o ao desdobramento do ponto que encontrará lá, de um mesmo ponto a partir de agora para o infinito.Realização: