Artista de muitos meios, Ricardo Carioba opta agora por estabelecer um tenso diálogo entre a videoinstalação e a pintura sobre madeira. Nesta exposição, ele parte de uma única forma, que podemos ver tanto como uma "janela estilhaçada"
pop ou uma clássica configuração concretista - um passo adiante nas pesquisas estéticas de um concreto de primeira hora, Aluísio Carvão, em que a vibração ótica também empresta certos ritmos ao trabalho e a geometria delimita a cor, vermelhos e negros travando sangrentas batalhas.
Estes objetos apresentados por Carioba são átomos em estado de potência latente, vítimas de incessantes explosões internas, em que se desenrola um tenso "jogo de empurra" dos limites com seu interior, entre o desejo de expansão e a necessidade de contenção. Neste embate, o trabalho narra sua própria gênese - e este procedimento, a um só tempo modernista e concretista, é também contemporâneo e extremamente generoso com o espectador.
Ricardo Carioba opera em uma região muito particular, na intersecção entre as formas racionais e lógicas do concretismo, de um lado, e o humor e a objetividade do pop, de outro. Poucos artistas - Geraldo de Barros, Waldemar Cordeiro e Raymundo Colares obviamente entre eles - deram conta dessa operação com tanta versatilidade.