Frederico Dalton

Rio de Janeiro/Brasil, 1960.

  • O Sonho - Hélice de Mãozinha (2000)
    instalação
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Frederico Dalton

Frederico Dalton vê a praia carioca como um retrato da cultura brasileira, sendo base para seu trabalho. Por meio de recursos precários como sobreposições de imagens do mesmo lugar, ampliações gradativas ou vibrações nas projeções de slides, o artista sugere instabilidade e fragilidade às imagens. Dalton estudou vídeo com Nam June Paik e fotografia com Nan Hoover, entre 1989 e 1992, na Academia de Arte de Düsseldorf. Em 2007, participou das exposições Oi futuro, no Rio de Janeiro, e Vento sul – 4ª mostra latino-americana de artes visuais, em Curitiba.

Marcelo Monzani

A praia, para Frederico Dalton, é o espaço de investigação para a criação de uma narrativa visual e poética em que a produção de sentidos e significados múltiplos, de extrema sofisticação e complexidade estética, alia-se à simplicidade do meio tecnológico utilizado. A projeção de imagens, adotada como procedimento artístico, é um dos elementos constituintes da obra, articulando linguagens as mais variadas; a fotografia, a cinemática, a instalação e objetos que, agrupados a uma reflexão sociológica e psicológica, detonam antigos fantasmas e problemas da nossa cultura social e política, em que o cenário muda mas a cena se repete. 

Em A menina do saco, o artista utiliza apenas uma imagem, de uma criança que aparece carregando um saco plástico com latas de refrigerante e cerveja, projetada nas paredes da sala. O posicionamento do projetor giratório permite que a imagem seja ampliada gradativamente, deformando-se e sugerindo algo assustador e fantasmático. Na obra O Sonho - Hélice de Mãozinhas, podemos ver duas imagens do mesmo espaço físico. O registro fotográfico é realizado em dois tempos, e um desconhecido deitado sobre a areia, adormecido, permanece imóvel, enquanto a multidão se agita ao seu redor. A sobreposição das imagens e o movimento vibrante e contínuo são controlados pela hélice, que obstruindo ou libertando o quadro mantém apenas o protagonista, o qual se isola num sonho bom ou na fuga alucinada da realidade cotidiana. 

O corpo inerte e em movimento constrói polaridades e antagonismos - o negativo/positivo, as contradições do dia-a-dia, sonho e realidade, beleza e horror - que o olhar apressado revela apenas uma objetividade aparente das imagens. 
  • Realização: