Milton Sogabe
A arte, como qualquer outra manifestação humana, sempre necessitou de algum tipo de tecnologia. A relação entre arte e ciência sempre ocorreu com maior ou menor intensidade, porém as ferramentas tecnológicas e teóricas de cada época possibilitam aos artistas novas formas de (re)apresentação poética de conceitos já estabelecidos ou de conceitos novos, surgidos no mesmo contexto tecnológico e cultural dessas épocas.
Há algum tempo, temos a visão do mundo e de nosso próprio corpo como sistemas, e ambos relacionados. Esses sistemas foram entendidos do ponto de vista mecânico e até mesmo de outros: químico, energético e, atualmente, informacional. Teorias científicas como a do biólogo Rupert Sheldrake, "campos morfogenéticos", trazem a referência em um sistema natural de informação disponível no tempo e no espaço. Na meteorologia, o "efeito borboleta" de Edward Loreoz também é outra referência.
A proposta de Adriana e Rosa está em sintonia com essa visão de mundo transposta para o espaço poético, que, graças à tecnologia digital, que trabalha com linguagens, possibilita criar um sistema que integra o biológico e o artificial e gera um sistema híbrido, onde são colocadas questões atuais como interatividade, sistema como obra e trabalho interdisciplinar. O corpo humano se percebe integrado num espaço alimentado pela energia solar, onde imagens e sons são alguns dos principais indícios de um espaço-sistema que relaciona tudo o que nele está presente.