A instalação Percursos simulados tem origem no projeto do mesmo nome das artistas Marina Camargo e Romy Pocztaruk desenvolvido desde 2007 e constituído pelos registros visuais e sonoros do espaço urbano de diferentes cidades, como Porto Alegre, Berlim, Nova York e Las Vegas. Como uma espécie de arquivo aberto, em processo constante de reedição, o conjunto traz à tona a experiência de deslocamento que caracteriza o olhar do sujeito contemporâneo, e pelo qual o observador é levado a experimentar uma relação desnaturalizada com essas cidades. Ele manifesta também o encontro entre a produção das jovens artistas que, a partir de linguagens bastante particulares, buscam um diálogo, um meio de troca de experiências.
Nesse sentido, estes vídeos e fotografias nos surpreendem pelo fato de abordarem locais aparentemente sem grande significado, mas que se assemelham pelo estranhamento de sua potência visual, e criam, assim, uma realidade quase paralela: território de uma ficção outra em que a presença humana é espectral e o espaço urbano torna-se protagonista.
Trata-se, em geral, de lugares que, dentro da vida das próprias cidades, têm, por assim dizer, uma existência incomum: balneários vazios no inverno, parques de diversões fechados ou ainda parques tropicais urbanos, vistas noturnas de esqueletos de edifícios em construção, trailers de alimentação abandonados etc. Ou, inversamente, situações as mais cotidianas nas quais as artistas flagram, seja por meio da ação da luz seja pelo colorido ou pela escolha de um enquadramento específico, a presença do inesperado.
Reunidos no mesmo espaço expositivo, esses trabalhos revelam visualmente a experiência de uma temporalidade dilatada num tempo do agora, cuja duração é vivenciada como a fusão do passado com o presente, do próximo com o distante, do familiar com o extraordinário, da existência com o desaparecimento, da luz com a escuridão.