Rogério Ghomes
A angústia da constatação da fragilidade da vida é tema recorrente na obra de Rogério Ghomes, como em Carnificina, uma espécie de carpete que pode ser pisado pelo público. O padrão estampado no tapete é o de um corpo esfacelado que provoca repulsa. Em 2008, o artista realizou a exposição individual Todos precisam de um espelho para lembrar quem são, no Centro Cultural Recoleta, Buenos Aires. Possui obras nos acervos Coleção Joaquim Paiva, Museu de Arte Moderna de São Paulo, entre outros.
Cauê Alves
Ocupando uma grande superfície com um padrão decorativo em estrutura modular, que ornamenta o chão do espaço expositivo, Rogério Ghomes aborda um tema recorrente em sua trajetória, a angústia da constatação da fragilidade da vida. Formado em desenho industrial, o artista aplica o padrão criado em uma espécie de carpete, que pode ser pisado pelo público. Se a repetição e a superexposição de uma mesma imagem dilui sua carga trágica e retira seu aspecto sacro e aurático, ela poderia intensificar a surpresa da descoberta de que ali se encontra um corpo esfacelado, aspecto ressaltado pela maciez do carpete. A função primeira da decoração, de adornar e tornar o ambiente agradável, é subvertida com esse trabalho. A imagem, que não deixa de ser portadora de uma sedutora beleza, provoca repulsa e aversão. Sua opção, distante de um engajamento ecológico, é causar espanto com o encontro deste pedaço de carne que já foi chamado de golfinho. Afastada da representação iconográfica da morte, tradicionalmente associada ao esqueleto, sua obra não nos deixa esquecer que todos os corpos irão se desfazer e que essa vida terrena será inevitavelmente interrompida.Realização: