• Performance diária, projeto do artista Felipe Bittencourt (Divulgação)
  • Performance diária, de Felipe Bittencourt (Foto: Divulgação)
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Felipe Bittencourt

Felipe Rocha Bittecourt é fotógrafo e artista plástico. Graduou-se em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes (SP, 2007) e especializou-se em fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design (SP, 2010). Produz performances que pensam certas transposições de tradições dos anos 70-80 para a contemporaneidade. Utilizando o desenho como base de pesquisa e desenvolvimento de seus trabalhos, a fermenta fundamental de sua produção pesquisa o limite físico e a auto-agressão como possibilidades poéticas em performances de longa duração. Como fotógrafo, utiliza a si mesmo como autor e pensa o espaço urbano como paisagem de múltiplas possibilidades de intervenção. 

Paula Borghi

No início de 2010 encontrei com Felipe por acaso na rua. Estava com minha bicicleta e ele a pé, então desci da bicicleta e fui levando-a enquanto conversávamos. Foi a primeira vez que ele me falou de Performance Diária.

Disse a ele que poderia desenhar uma performance sobre aquele nosso encontro, com O performer levando a bicicleta para passear, assim como estávamos fazendo. Mas pensar em uma performance previamente seria como “roubar” a si próprio, disse Felipe.

Foi então que ele me explicou da regra, de ter de criar a performance da hora que acorda até as 10h da manhã. Pois mesmo que para um quarto vazio, diariamente Felipe performava na busca de uma performance.

Naquele mesmo dia convidei O performer, mesmo que novinho e com poucos meses de vida, para participar do Projecto Multiplo no Chile. Era março e seria a primeira mostra do Multiplo e de O peformer, tanto juntos como separados. Na exposição, havia uma parede coberta por fac-símiles (impressos em jato de tinta sobre papel) dos desenhos originais e colados na parede com fita crepe, assim como o artista fazia em seu quarto.

Durante a mostra, os espectadores podiam levar um fac-símiles, ou mais, consigo. Lembro-me de uma professora da Universidade de Val Paraíso, que apresentou uma das performances em sala de aula, realizando-a com seus alunos. Se não me engano, foi a primeira vez que alguém (a não ser O performer) realizou uma Performance Diária.

A realização das performances por outros tornou-se uma constante. O fato de outros realizarem as performances é uma assunto que vai além do alcance do artista e de seu personagem. As performances estão ai e podem ser realizadas por quem queira, o que me lembra a exposição da Marina Abramovic, The artist is present, em que outros artistas realizavam suas performances.

O que fica é sempre o questionamento, e as muitas dúvidas que um trabalho consegue alcançar. Entendo que em Performance Diária, assim como em muitos outros trabalhos do artista, Felipe procura sempre cutucar a ferida até o fim. O que muitas vezes é incomodo e doloroso.

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