Elyeser Szturm

Goiânia/Goiás, 1958

  • Detalhe de Alberti (versão 3) (2002)
    Vídeo instalação
    Parte do projeto Horizonte Chão
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Elyeser Szturm

A obra de Elyeser Szturm questiona a paisagem enquanto horizonte. Na Temporada de Projetos, apresentou Alberti, quatro monitores de televisão que emitem imagens vistas por entre frestas de persianas e feixes de luz, como se fossem janelas. Em 2009, o artista expôs no China Lishui International Images, na China e, em 2010, participa das exposições Brasília. Síntese das artes, no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília, e Semicírculo, no Museu Nacional de Brasília.

Daniela Maura Ribeiro

A Natureza é uma esfera espantosa, cujo centro está em toda parte e a circunferência em nenhuma. 
Jorge Luis Borges. La esfera de Pascal. In Otras inquisiciones. 

Paisagem. Mitologia. Tecnologia. O que pode resultar da composição desses três elementos? Horizonte chão.

Elyeser Szturm questiona a paisagem enquanto horizonte valendo-se de linguagens diversas: nas Túnicas de Nessus, grãos de terra ou partículas de muro aderem à fina manta de silicone. Em Alberti, quatro monitores de televisão emitem imagens de persianas. 

Descendendo do pictórico, as Túnicas de Nessus de Szturm, fazem referência direta a um episódio da mitologia grega em que Dejanira entrega a Hércules uma túnica banhada no sangue do centauro Nessus acreditando que, ao vesti-la, Hércules lhe seria fiel eternamente: “A túnica penetrou até a medula dos ossos e colou de tal maneira à pele e aos membros que, ao tentar arrancá-la dos ombros, Hércules rasgava a própria pele e carne” (1). O silicone copia e extrai a terra do chão ou a cal da parede, na medida em que é espalhado por essas superfícies. Arranca a carne da paisagem e a transforma em outra pele...

Arqueologia. Fóssil? Registro? Ruína?
Apresentadas sobre o piso do espaço expositivo, as túnicas moldadas sobre a terra invertem a noção de horizonte, que passa a ser visto de cima em um olhar topológico. Suspensas na superfície da parede, as túnicas moldadas sobre muros aproximam referente e referencial. Paisagem vertical. “É mineral/a linha do horizonte” (2), mas que horizonte é esse que o vídeo teima pretender captar? 

Horizonte restrito e impreciso visto entre as frestas de persianas e feixes de luz. Televisores parietais (ou serão janelas?) transmissores dessa imagem. Alberti. A paisagem se transforma em pixels hipnóticos. Pintura eletrônica. E o que é o horizonte afinal?
“Eu me refugio/ nesta praia pura/ onde nada existe/ em que a noite pouse” (João Cabral de Melo Neto).

Notas: 

(1) MERLEAU-PONTY, M.. O filósofo e a sua sombra. Col. “Os Pensadores”, São Paulo, Abril Cultural, 1980. 

(2) MELO NETO,  João Cabral de. Psicologia da Composição. In MORICONI, Italo (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001.




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