Thiago Bortolozzo

Campinas/SP, 1976.

  • Série Assolamentos (2001)
  • Série Assolamentos (2001)
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Thiago Bortolozzo

Seja por meio de instalações, pinturas, esculturas ou fotos, Thiago Bortolozzo questiona os limites das linguagens e problematiza-os. Em 2002, na Temporada de Projetos, apresentou Assolamentos, uma série de fotos que parecem pinturas de espaços em construção pela cidade de São Paulo. Em 2004, como artista convidado, apresentou a instalação Rock: rampa, uma rampa com forma piramidal, estrutura modular e altura aproximada de 60 cm que permitia, a quem subisse nela, uma visão mais ampla do espaço. O artista participou da 26ª Bienal de São Paulo, em 2004, com a instalação Vital Brasil. 

Daniela Maura Ribeiro

a cidade sou eu
sou eu a cidade.
Carlos Drummond de Andrade

São Paulo tem sido representada, desde antes de sua urbanização, por várias expressões artísticas. Hoje, essa metrópole inspira a produção de diversos jovens artistas - especialmente aqueles que desenvolvem suas poéticas no âmbito da fotografia. Alguns mostram a paisagem paulistana tal como era no séc. XIX lado a lado com sua paisagem atual. Outros a retratam revelando a beleza de suas ruas iluminadas repletas de vitrines. Ainda há quem se atenha às transformações diárias que sofre essa São Paulo, sob o ponto de vista arquitetônico – e esse é o caso de Thiago Bortolozzo.

Bortolozzo elege a arquitetura presente em seu trajeto cotidiano como fonte de questionamento. Na série Assolamentos que vem desenvolvendo desde 1999, parte da ideia de rua assolada por crateras e infiltrações para criar uma cratera simbólica que abra espaço à percepção do espectador.

Às vezes apenas a luz, a parede e o chão são elementos suficientes para compor a fotografia. O foco está na luz fria, que combinada à luz natural e ao flash da câmera altera a cor branca da parede que ganha tonalidade amarelada. Aparentemente uma cena corriqueira, mas um olhar mais atento reconhece - nessa fotografia de estrutura tão simples - o espaço expositivo de um museu.

Em outras imagens, figuram os tijolos e o cimento aparentes em construções de casas, algumas localizadas no interior do Estado de São Paulo, em contraste com o azul intenso do céu. Cabe ressaltar que Bortolozzo espera para fotografar em dias de céu aberto para captar a paisagem que lhe interessa ao mesmo tempo em que se arrisca a perdê-la: no intervalo gerado pela espera a casa termina de ser construída, ou seja, mascara o material outrora aparente e transforma a paisagem.

A iconografia da São Paulo retratada pelo artista, integra ainda, a sinalização e os portões de entrada/saída de garagens e estacionamentos, elementos estes que passam a representar as rotas e fluxos da metrópole.

Esses fluxos e o caráter transitório da paisagem, refletem sobre o lugar do cidadão contemporâneo em relação ao espaço urbano enquanto fragmentos sintéticos de uma “metrópole incontida, absorvente” (FABRIS, Annateresa. O espetáculo da rua. In Fragmentos Urbanos: representações culturais. São Paulo: Studio Nobel, 2000, p. 73).
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