Ana Michaelis

Rio de Janeiro/RJ, 1962

  • Paisagens da memória (2003)
  • Paisagens da memória (2003)
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Ana Michaelis

Ana Michaelis trata de questões da memória por meio de pinturas de paisagens. A produção de Paisagens da memória parte de fotografias enviadas por amigos. As pinturas, inicialmente pintadas em branco e preto com forte contraste, são veladas com uma camada de tinta branca, escondendo quase que por completo os elementos. A artista participou da 13ª Bienal de Arte de Cerveira, em Portugal, em 20005, e da coletiva Em branco – recortes, colagens e adesivos, na Casa das Onze Janelas, em Belém, em 2008. Possui obra no acervo da Gallery Pulitzer Art, em Amsterdã.

Cauê Alves

O projeto Paisagens da Memória de Ana Michaelis forja lembranças de horizontes que dificilmente vimos, mas que se tornam tão atuais quanto nossas remotas recordações. Essa atualidade é efêmera, pois o tempo em seu trabalho é compreendido como um elemento veloz que apaga e liquida as imagens da memória. 

Partindo de fotografias enviadas por amigos, do olhar do outro sobre a natureza, a artista realiza pinturas de paisagens em preto e branco com fortes contrastes. Em seguida, uma camada de tinta branca vela a pintura precedente, transformando-a numa imagem rarefeita, prestes a desaparecer. A tela final nos traz uma lembrança que não era nossa, fazendo com que um passado anônimo coexista com o nosso presente. O procedimento de sobrepor camadas de tinta que se interpenetram e enfraquecem as figuras reforça a continuidade e a passagem do tempo, que não pode ser representado por instantes independentes. 

Se à primeira vista temos uma tela branca ou uma cena congelada, aos poucos, numa sucessão contínua, a imagem surge e se esvai. Nessas obras, a ausência da figura humana e a interferência mínima do homem na paisagem podem sugerir uma atmosfera atemporal, mas essas pinturas alvas deixam o próprio movimento do tempo se mostrar.
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