Tony Camargo

Paula Freitas/PR, 1979

  • Sem título (2007)
    Fotografia em placa acrílica, verniz sintético, mdf e fórmica
  • Sem título (2007)
    Fotografia em placa acrílica, verniz sintético, mdf e fórmica
  • Sem título (2007)
    Fotografia em placa acrílica, verniz sintético, mdf e fórmica
  • Sem título (2007)
    Fotografia em placa acrílica, verniz sintético, mdf e fórmica
  • Sem título (2007)
    Fotografia em placa acrílica, verniz sintético, mdf e fórmica
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Tony Camargo

Suas principais exposições individuais são: 2008 - Casa Triângulo, São Paulo, Brazil; Fundação Cultural de Curitiba, Curitiba, Brazil; Casa da Imagem, Curitiba, Brazil - 2007 - Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba, Brazil; Casa Triângulo, São Paulo, Brazil - 2005 - Casa da Imagem, Curitiba, Brazil - 2004 - Casa Andrade Muricy, Curitiba, Brazil; Museu Metropolitano de Arte de Curitiba, Curitiba, Brazil - 2002 - Museu Alfredo Andersen, Curitiba, Brazil. Participou de diversas exposições coletivas como em 2007 - The Drake H, Public Spaces Exhibition, Minimalist and Conceptual Work by Brazilian Artists, Toronto, Canadá - 2006 - Instituto Tomie Ohtake, 10 + 1, Geração da Virada, Os Anos Recentes da Arte Brasileira, São Paulo, Brazil; Casa das Onze Janelas, Lugares, Programa Rumos Itaú Cultural, Belém do Pará, Brazil; Centro Cultural Dragão do Mar, Designu - Desdobramentos, mostra de desenho, Fortaleza, Brazil; Paço Imperial, Programa Rumos Itaú Cultural, Rio de Janeiro, Brazil; Instituto Itaú Cultural, Programa Rumos Itaú Cultural , São Paulo, Brazil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, Aquisições 2005, São Paulo, Brazil - 2005 - Museu de Arte Moderna de São Paulo, Panorama da Arte Brasileira, São Paulo, Brazil - 2004 - Museu Oscar Niemeyer, Tomie Ohtake na Trama Espiritual da Arte Brasileira, Curitiba, Brazil.

Cauê Alves

Muito já foi dito sobre a relação de continuidade entre pintura e mundo, sobre o modo como tantos artistas modernos e contemporâneos extrapolaram os limites da tela e se relacionaram diretamente com a realidade para além do contorno inicial do suporte. Essa saída da pintura do plano para o espaço representou para alguns a sua morte e, para outros, a sua possibilidade de continuidade e desdobramento.

O movimento presente no trabalho de Tony Camargo, especialmente nas pinturas sobre metacrilato justapostas às fotografias, não é apenas o da pintura em direção ao mundo, mas também o seu inverso, como se a pintura já estivesse dada. Tudo se passa como se os mais variados objetos com os quais lidamos no cotidiano fossem, eles mesmos, pictóricos e a ação do artista nos permitiria reencontrar a pintura neles. Não se trata, entretanto, de uma potência pictórica que necessitaria ser atualizada pelo gesto artístico, afinal, a realidade, tal como as imagens fotográficas a representam, não é passiva. A cena fotografada é editada e dirigida pelo artista que, ao empregar seu próprio corpo, nos mostra que a mera oposição entre passividade e atividade não daria conta da complexidade do mundo.

É no corpo do artista que esse complexo entrecruzamento se realiza, um corpo que é sujeito e, ao se transformar em imagem, é também objeto da pintura. Tudo o que é gesto nas fotos, ação de apontar, equilibrar utensílios e se camuflar, é não gestual na pintura. Embora num primeiro olhar talvez seu trabalho apresente uma geometria um tanto rígida, aos poucos, inundada de cor, ela vai se tornando mais sensível e orgânica. Por mais lisas e artificiais que sejam suas cores, por mais que exalem uma artificialidade industrial, às vezes beirando o kitsch, elas constituem um valor temático. A cor nesses trabalhos, além de elemento da interseção entre pintura e fotografia, é processo dinâmico, força e pulsão. A luminosidade que elas exalam, mesmo quando há dégradé, é sóbria como uma pintura de Joseph Albers. E sua organicidade formal não se manifesta apenas na qualidade das cores, ou em algumas velaturas, mas também na quebra da quadratura tradicional do suporte com a eliminação de cantos e o arredondamento de arestas.

A beleza que se mostra na simplicidade das coisas jamais poderia ser compreendida como uma conseqüência de certos efeitos visuais que a facilidade que Tony Camargo tem com a forma o permitiria fazer como num passe de mágica. Seu trabalho é construído na banalidade do cotidiano e no ordinário, em prosa e, ao mesmo tempo, na suspensão de um tempo e espaço que o culto ao belo gera. Há uma estranheza e uma indeterminação que sempre remete a um reencontro do mundo que nos é habitual com o que há de extraordinário na pintura e vice-versa, sem que haja oposição entre ambos ou preferência por um dos lados. Isso nos indica que, ao contrário do legado de certa tradição que compreende a arte apenas como simulacro, talvez exista uma unidade primordial e anterior entre mundo e pintura, sem que isso implique uma total dissolução da arte ou a perda de sua autonomia.
  • Realização: