Henrique Oliveira

Ourinhos/SP, 1973

  • Sem título (2008)
    Madeira e outros materiais
  • Detalhe da obra Enquanto isso em Mercúrio (2008)
    Acrílico sobre tela
  • Sem título (2008)
    Madeira e outros materiais
  • Sem título (2008)
    Madeira e outros materiais
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Henrique Oliveira

É graduado e também mestre em poéticas visuais pela USP, onde realizou pesquisas com apoio da FAPESP. Em São Paulo é representado pela Galeria Baró Cruz, onde realizou exposição individual em 2006. Participou em 2007 do 11º Festival de Cultura Inglesa no Conselho Britânico em São Paulo, onde ganhou o prêmio na categoria artes plásticas. Em 2006 expôs no Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo onde recebeu o prêmio aquisição. Em 2005 recebeu o prêmio Visualidade Nascente no Centro Universitário Maria Antonia, também em São Paulo. Tem mostrado seu trabalho em exposições desde o final da década de 90. Entre as mais recentes, Something from Nothing no Centro de Arte Contemporânea de New Orleans nos EUA (2008); Futuro do Presente no Instituto Itaú Cultural em São Paulo (2007); La Espiral de Moebius o los limites de la pintura no Centro Cultural Parque de España em Rosário, Argentina (2007); CTRL _ C + CTRL_V/ Recortar e Colar, Sesc Pompéia, São Paulo (2007); Itaú Contemporâneo – Arte no Brasil 1981-2006, Instituto Itaú Cultural, São Paulo (2007); Paralela 2006 em São Paulo; Projectiles d’Art Contemporain - FUNARTE - Ano do Brasil na França, Paris (2005).

Fernanda Albuquerque

A atenção às cores e texturas do material, a construção por meio da sobreposição de camadas, a gestualidade das formas e o movimento por elas criado são aspectos que aproximam as instalações de Henrique Oliveira de suas pinturas. Embora guardem especificidades evidentes, dadas as diferentes naturezas e comportamentos dos materiais empregados, a madeira e a tinta acrílica, ambas são produzidas pelo acúmulo de matéria aplicada por meio de gestos. Daí que as lascas de compensado presentes nos Tapumes muitas vezes assemelham-se a pinceladas feitas com pincéis de ponta chata ou então a empastos produzidos com a ajuda de espátulas.

A semelhança aponta para a investigação que dá origem a essas instalações. Interessado em pesquisar as potencialidades da superfície pictórica, há alguns anos o artista resolveu trocar o suporte regular da tela pelo plano sujo e acidentado das chapas de madeira. Aos poucos, o que era para funcionar apenas como base ganhou outra função. Henrique começou a explorar as qualidades pictóricas das placas, utilizando-as não mais como suporte, mas como material de trabalho.

Paralelo ao desenvolvimento dos Tapumes, realizados sobretudo em geral por ocasião de exposições, o artista seguiu pintando em seu ateliê – prática que também sofreu transformações a partir da pesquisa com o novo material. Do mesmo modo que as instalações, suas pinturas passaram a ser compostas por fragmentos, unidades nitidamente separadas, constituídas por diferentes modos de acrescentar tinta à tela: pincelada, escorrimento, empoçamento. Sobrepostas umas às outras, em um arranjo próximo ao de uma colagem, as manchas evidenciam as ações que as conformam, fazendo dos procedimentos pictóricos o próprio assunto da obra.

A sensação de caos provocada pelo conjunto é semelhante à impressão que se tem dos Tapumes, muito embora, em ambos os casos, o processo de execução seja absolutamente controlado – ainda que responda aos desdobramentos sugeridos pela tinta e pela madeira. O mesmo controle está presente nos novos trabalhos de Henrique Oliveira, colagens feitas com fragmentos de papel-couro pintados. Exibidas no Paço das Artes ao lado de suas pinturas, as obras retomam aspectos caros à poética do artista: a pesquisa de materiais, o tratamento pictórico das formas e a noção de colagem.
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