Iara Freiberg

São Paulo/Brasil, 1977

  • Invasão (2011)
    intervenção/instalação
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Iara Freiberg

Graduada em artes plásticas pela ECA-USP. Seu trabalho se caracteriza por desenvolver intervenções intrinsecamente ligadas à arquitetura e às relações com o espaço e seus desdobramentos. Desde 2002, participa de exposições individuais e coletivas realizando intervenções específicas. Em 2006, participou do programa Rumos Itaú Cultural Artes Visuais. No mesmo ano, ganhou a bolsa Iberê Camargo para participar da residência El Basilisco, em Buenos Aires, Argentina, onde realizou a sua primeira intervenção em espaço público

Juliana Monachesi

Uma alteração da perspectiva do olhar é imperativa na obra Invasão, de Iara Freiberg. Dentro da instalação, estamos diante de um percurso arquitetônico miniaturizado que foi embutido nos painéis expositivos pela artista. “Diante” não é a locução correta; “acima” talvez seja mais apropriada, apesar de não designar com exatidão o ponto de vista do visitante. Trata-se de uma visada aérea, semelhante àquela que se tem da paisagem urbana observada de um ponto elevado da cidade, ou de um avião, ou ainda da tela do computador, pelo Google Maps.

Observar um plano arquitetônico de uma perspectiva aérea pode ser algo convencional nos dias de hoje, mas já foi muito surpreendente, quando pessoas comuns puderam ver pela primeira vez a cidade de um balão ou de uma torre Eiffel, na última década do século 19. Cem anos de vertigem depois, eis uma experiência que continua vertiginosa. Um jogo com as convenções do espaço urbano, do projeto arquitetônico e do ambiente expositivo é o que Invasão nos proporciona.

Quem acompanha a produção de Iara Freiberg há alguns anos pode se surpreender com a inversão de abordagem da temática arquitetônica; ela vinha realizando intervenções com desenho ou vinil preto nos espaços expositivos para criar metarquiteturas: continuidades impossíveis, falsas perspectivas, deformações espaciais etc., mas sempre elegendo como ponto de partida as características do próprio lugar, que eram, portanto, incorporadas ao trabalho. No Paço das Artes, nenhum elemento arquitetônico do espaço informa a obra exposta, a não ser o mais neutro dos elementos de um museu, que são seus painéis móveis.

Retirado de sua invisibilidade programada, o asséptico painel branco mostra quão prenhe de informação na realidade é. Aqui, ele permite que o visitante se projete mentalmente para dentro dele, percorrendo com os olhos um circuito composto por corredores, escadas, plataformas, paredes, portas, janelas, cantos e becos; um percurso sem início ou fim, que em dois pontos opera uma subversão de planos, uma inversão da gravidade-sutileza que bem pode passar despercebida ao observador menos atento. Em outros pontos, luzes improváveis atraem o olhar para ambientes que não se pode perscrutar. Invasão trata dos limites da experiência visual (e corporal) do espaço.

  • Realização: