Rafael Alonso

Niterói/Brasil, 1983

  • Detalhe da obra Caminho do meio (2011), de Rafael Alonso (Foto: Divulgação)
  • Detalhe da obra Catarata (2011), de Rafael Alonso (Foto: Divulgação)
  • Detalhe da obra Arca (2009), de Rafael Alonso (Foto: Divulgação)
  • Detalhe da obra Mata (2011), de Rafael Alonso (Foto: Divulgação)
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Rafael Alonso

Formado em pintura (2006) e mestrando em linguagens visuais, ambos pela Escola de Belas Artes da UFRJ (2011). Entre as exposições individuais que realizou, destacam-se a da Galeria Amarelonegro (Rio de Janeiro, 2008) e Centro Cultural São Paulo (São Paulo, 2006). Participou em 2010, entre outras, de Além do horizonte (curadoria de Daniela Name, Galeria Amarelonegro, Rio de Janeiro), Alvaro Seixas e Rafael Alonso (Atelier Subterrânea, Porto Alegre). Em 2009, de Trilhas do desejo (curadoria de Paulo Sergio Duarte para o Programa Rumos Itaú Cultural, São Paulo, e Paço Imperial, Rio de Janeiro). Em 2008, do Prêmio SIM Artes Visuais (curadoria de Marisa Florido César, Casa das Onze Janelas, Belém). Foi finalista da bolsa Iberê Camargo em 2005 e selecionado pelo Programa Itaú Rumos Artes Visuais em 2008/2009. 

Fernanda Lopes

Será que vale a pena colocar mais um objeto no mundo? Ainda há algo no mundo que mereça ser pintado? As dúvidas que antecediam cada obra do pintor canadense Philip Guston (1913-1980) também acompanham a produção de Rafael Alonso. O artista carioca parece nunca ter como ponto de partida a tela em branco. Daí o nome da exposição. Espólio é uma herança, um conjunto dos bens que são deixados por alguém ao morrer a ser partilhado no inventário entre os herdeiros ou legatários. É também o nome dado a uma espécie de recompensa do combate, despojos de guerra. Boa parte da produção contemporânea lida com a história da arte como uma espécie de arquivo, que pode ser livremente acessado e apropriado a qualquer momento. Na produção de Rafael Alonso, aquele território aparentemente vazio da tela é, na verdade, tratado como abrigo de toda a história da arte. Ali, nada começa do zero.

Na série inédita em São Paulo de pinturas feitas sobre convites de exposição (2009-2011), as peças gráficas produzidas para divulgação de mostras, colecionadas pelo artista há cerca de 10 anos, são apropriadas sem permissão e usadas como suporte para a pintura. Em cada trabalho, apenas um fragmento da peça inicial é mantido e, na maior parte das vezes, é ele quem norteia as composições finais carregadas de referências à história da arte. Revelam o interesse do artista pela paisagem ou pela geometria. Revelam citações de artistas e movimentos como Mark Rothko, Gordon Matta-Clark, Fabio Miguez e o impressionismo. Revelam, também, o funcionamento do circuito artístico e a produção de imagens de várias gerações: um trabalho é produzido por um artista e é fotografado para que seu registro possa ser usado no site da galeria, no material de divulgação e em peças gráficas, como banners e convites. Essa dinâmica levanta a questão: quanto do orçamento de uma exposição destina-se à produção do trabalho e quanto se destina à sua divulgação?

Já na série Desktops (2009), as paisagens reveladas pela pintura são aquelas possíveis no mundo contemporâneo. Construídas a partir de fitas adesivas, tirando partido de suas cores industrializadas e sua textura lisa e brilhante, são artificiais e ilusórias, como as que encontramos em descansos de tela de computadores. São trabalhos que aproximam a pintura do objeto sem deixar de lado seu caráter virtual, abstrato. São paisagens nas quais não podemos entrar. O verde é tão verde e o azul tão azul, que parecem mais reais do que o mundo em que vivemos. Em Defeito (2011), Alonso revisita sua própria produção. Agora, é a tinta acrílica que tenta se aproximar da fita adesiva. Se antes a fita adesiva buscava se apresentar como a materialização de uma pincelada, agora ela é modelo de sua pintura.

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