Marco Giannotti

São Paulo/SP, 1966

  • Vista parcial da exposição, 1998
  • Circuito (1986)
  • Circuito #1 (1998)
    têmpera acrílica sobre tela
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Marco Giannotti

A densa atividade pictórica de Marco Giannotti teve início nos anos 1980, quando começou a frequentar o curso de desenho e gravura do professor e artista Sergio Fingermann. A temática urbana e industrial está muito presente na sua produção. As manchas construídas por várias camadas de tinta diluída sugerem imagens de máquinas. Em 2010, junto aos artistas José Spaniol e Carlos Eduardo Uchôa, desenvolveu a exposição Arte e espiritualidade, realizada no Mosteiro de São Bento, em São Paulo. Além das pinturas, Giannotti apresentou a videoinstalação Vigília, produzida junto com José Spaniol, e fotografias.

Uma pintura que busca a simplicidade, a presença primordial da cor juntamente a uma estrutura que pode tanto ser uma janela, como uma grade: o que me interessa é como a pintura aparece através destes elementos. Várias camadas de uma tinta bem diluída sedimentam a cor. As cores vibram conforme uma certa duração e parecem desafiar um espaço definido pelas três dimensões. Busco criar uma tensão entre a obra e o espaço real, para que o interior da obra volte-se para o espaço circundante. As cores oscilam na superfície da tela, e sugerem por alguns instantes uma profundidade que não pode ser alcançada. Uma cor se reflete em outra. Escapam do seu lugar previamente dado. Procuro diluir as formas em cores. É o vazio que molda o espaço. Busco estruturar a cor de forma dinâmica. Os traços que carregam a cor (cromos) formam alguns núcleos antes de se dispersarem, desafiando os limites da tela. Aos poucos estes traços passaram a recortar imagens urbanas (circuitos elétricos que carregam energia). Não se trata de uma paisagem, não estou mais partindo de uma situação urbana previamente dada. Creio na capacidade da pintura de absorver a cor assim como a estrutura de uma ponte. A figuração nasce a partir de um potencial radicalmente abstrato que a pintura oferece. As "máquinas" são um meio e não um fim para a pintura. Pode-se notar uma certa ironia no fato de que alguns planos cromáticos estarem aparentemente sustentados por ganchos. Mas estamos aqui longe do humor sarcástico de Picabia que, em uma de suas máquinas, propõe a destruição do futuro. Elas não ilustram uma plataforma de ação dadaista. As manchas cromáticas muitas vezes sugerem imagens de transformadores elétricos, máquinas que transformam energia, e que metaforicamente podem ser interpretadas como a imagem da própria pintura: além de emanar luz, será que a pintura pode ser entendida como uma tecnologia de transformação das imagens do mundo urbano? 

Extratos de Desvio para a Pintura
Tese de Doutorado de Marco Giannotti apresentada ao Departamento de Artes Plásticas da ECA - USP

*Marco Giannotti foi artista convidado para Temporada de Projetos 1998
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