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ARTISTAS
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Henrique Menezes (Porto Alegre, 1987) é pesquisador e curador, membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA). Atuou na Fundação Iberê Camargo, no cargo de curador assistente (2018 e 2019), integrou o Comitê de Curadoria e Acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS, 2020-2022) e compôs o Conselho Curatorial da Fundação Ecarta (2019). Graduado pela UFRGS, tem pós-graduação em estudos curatoriais e arte contemporânea pela Universidade de Lisboa. Na Fundação Iberê, curou a mostra Continuum (2018), além de assinar projetos curatoriais e textos para instituições como AC Institute (Nova York), Espacio de Arte Contemporáneo (Uruguai), MACRS, SP-Arte, Museu do Trabalho, FGV Cultural, Instituto Estadual de Artes Visuais, entre outras. Foi coordenador editorial e assinou a publicação do livro 40 anos Galeria Bolsa de Arte, resgatando a história da galeria através de pesquisas históricas e depoimentos. Vive e trabalha entre o Rio Grande do Sul e São Paulo.

Da flor da pele ao pó do osso

Henrique Menezes

O projeto curatorial de Henrique Menezes, natural de Porto Alegre (RS), põe em diálogo três jovens artistas: Dora Smék (Campinas, SP), Érica Magalhães (Muriaé, MG) e Vitória Macedo (Porto Alegre, RS). Da flor da pele ao pó do osso apresenta fotografias e esculturas que “têm como cerne o conceito de cicatriz. Ideias de fissuras e entranhas, simbolicamente evocando imaginários do trauma e regeneração, dos estigmas às superações”. 

Pelos meandros da botânica ou da medicina, percorrendo tanto a geografia quanto a estética, há uma crença de que toda escara é um distúrbio: escancara aquilo que deveria ser mantido oculto, em estado inócuo, apaziguado no subterrâneo. A exposição Da flor da pele ao pó do osso tem como cerne o conceito de cicatriz: seja pela abstração, seja pela concretude de suas imagens, somam-se fissuras e entranhas, imaginários que vão dos traumas à sua exacerbação, do estigma à regeneração. 

Conjugando o trabalho de Dora Smék (SP), Érica Magalhães (MG) e Vitória Macedo (RS), o diálogo proposto põe em relevo uma premissa tão íntima quanto universal: toda essência se encontra em um ponto nuclear, hermético, assentado nas profundezas da realidade externa. A condição física do corpo pode ser duramente abalada pelo corte – onde tudo que é interno se torna exposto –, antecedendo uma presumida superação à forma de um tecido regenerado, quando resta apenas o vestígio daquilo que já foi cisão: do golpe à cicatriz, da crise à reação. 

A exposição – batizada com um trecho de canção composta por Caetano Veloso e interpretada por Elza Soares – apresenta a produção de artistas com trajetórias múltiplas, trazendo luz à invisibilizada produção afro-gaúcha contemporânea, à chaga colonial em suas imposições binárias e às manifestações do inconsciente através do corpo feminino – sem limitar a magnitude dos subtextos evocados. 

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