Rodrigo Torres

Rio de Janeiro/Brasil, 1981

  • Uns trocados (2011)
    corte e colagem de cédulas
  • Uns trocados (2011)
    corte e colagem de cédulas
  • Uns trocados (2010)
    corte e colagem de cédulas
  • Uns trocados (2010)
    corte e colagem de cédulas
  • Uns trocados (2010)
    corte e colagem de cédulas
  • Uns trocados (2009)
    corte e colagem de cédulas
  • Uns trocados (2011)
    corte e colagem de cédulas
  • Uns trocados 
    corte e colagem de cédulas
  • Uns trocados (2010)
    corte e colagem de cédulas
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Rodrigo Torres

Em 2011 expôs no U-turn solo projects, na Arte BA (Feira de Arte de Buenos Aires, Argentina) e no CCSP (Centro Cultural São Paulo), com o projeto m². Em 2009, realizou a individual Defeito, na galeria A Gentil Carioca, no Rio de Janeiro. Desde 2005 tem participado de várias exposições, dentre elas: Geração 00 - a nova fotografia brasileira (2011), no Sesc Belenzinho (São Paulo/SP); Arquivo Geral (2010), no Centro Cultural Hélio Oiticica (Rio de Janeiro/RJ); Crossing Borders, Building Bridges (2010), Phoenix (Arizona, EUA); 12° salão de artes de Itajaí (2010) (Santa Catarina); 16° salão UNAMA de pequenos formatos (2010), em  Graça Landeira (Belém/PA); Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia (2010), no Museu da UFPA (Belém/PA). Ganhou prêmio aquisitivo no 16º Salão UNAMA de pequenos formatos.

Ananda Carvalho

[AC] No seu texto Micro empresa criativa, publicado no Canal Contemporâneo, você descreve de forma irônica e metafórica o seu processo criativo. Por que relacionar a sua produção com a idéia de empresa?

[RT] Porque acredito que o meu trabalho faz parte de uma sequência produtiva. A minha matéria-prima é um produto. Eu trabalho esse produto para que ele avance mais um passo na sua história. Acho que eu não quero que meus objetos tenham muita autonomia, ou que sejam entendidos de imediato como obras de arte. Essa autonomia, a meu ver, pressupõe a utilização da arte como escudo, principalmente quando objetos do cotidiano formam a base do pensamento da obra.

[AC] Nas referências para o seu trabalho poderíamos incluir Andy Warhol? Em especial o trabalho 200 one dollar bills, considerando também a questão do valor?

[RT] Acho que o uso que eu faço de cédulas verdadeiras e também o trabalho de recorte inserem o dinheiro em um ambiente mais intimista, pessoal. Apesar disso, a combinação das imagens desenhadas nas notas acontece de maneira bem superficial, não me interessa nesse caso a história de cada representação, ou seja, vejo cabeças, construções, paisagens, animais etc.; a que se referem? Não sei e não procuro saber, caso contrário faria outro tipo de trabalho.

[AC] Este ano você participou da Art Basel (principal feira de arte contemporânea do mundo, em Basileia, na Suíça) em um projeto da Gentil Carioca. Qual trabalho foi exposto? Poderia pensar um pouco essa experiência a partir dos conceitos de valor artístico, monetário e histórico discutidos pelos seus trabalhos expostos no Paço das Artes?

[RT] A Art Basel foi o capítulo final para essa série, que não faço mais, pois mudei o foco. Foi apresentado um conjunto de 24 peças utilizando dinheiro. Gosto de pensar que as notas que eu uso tiveram valor para compra enquanto circulavam, depois passaram a ter valor numismático, que é maior que o anterior e agora tem valor artístico, sendo que esse último supera de longe todos os outros.

[AC] Segundo Moacir dos Anjos, curador da exposição Retrospectiva de Jac Leirner que ocorreu em 2011 na Pinacoteca do Estado de São Paulo, a obra dessa artista “é conhecida pelo interesse que demonstra por tudo que circula no mundo (mercadorias) e pelo que torna tal circulação possível (o dinheiro), bem como por problematizar os padrões formais estabelecidos pelo racionalismo nos movimentos artísticos (arte concreta e minimalismo)”. A sua exposição no Paço das Artes remete imediatamente ao trabalho da Jac...

[RT] Eu me interesso mais pelos meios de produção, sou muito ligado ao fazer, principalmente à manufatura. E também sou movido por banalidades, não necessariamente eu gosto delas, mas aí eu encontro espaço para complicar.

[AC] O seu trabalho também discute muito a fotografia através de outras ferramentas. Eu diria que um dos aspectos a ressaltar seria uma procura de “analogizar” estratégias digitais. Por exemplo, a série Uns trocados (exibida no Paço das Artes) chama a atenção pela criação de uma profundidade de campo e a série Dois tempos (exposta em Convite à viagem - Rumos Artes Visuais 2011/2013 no Itaú Cultural) explora as ferramentas de foco e velocidade para a composição da imagem através da pintura e de objetos.

[RT] Exato. Eu uso o material fotográfico e tento associar o processo de produção da fotografia a outros processos. Acho que a fotografia é por natureza uma interpretação do mundo e eu não tenho uma visão de mundo muito particular, mas acredito na minha capacidade de construção, então faço um jogo com a fotografia para produzir meus próprios resultados. No caso de Dois tempos, eu devolvo para algum objeto uma imagem dele próprio para ver se acontece outra imagem, mas eu nem sempre ganho esse jogo. Alguns trabalhos meus parecem sem propósito porque o resultado ficou quase no mesmo nível da foto, é difícil diferenciar.

[AC] Como os trabalhos expostos no Paço das Artes relacionam-se com outros projetos seus?

[RT] Todos fazem parte do mesmo comportamento. Eu me sinto seguro na incerteza, então aceito muitas variantes porque meu projeto é de construção em longo prazo. Sei que a minha identidade ainda vai acontecer, ainda tem muita incoerência pela frente, mas já estou cercando alguns resultados.

  • Realização: