Fernando Oliva

Albano Afonso
Fernando Oliva
O corpo do espectador é invadido pelas árvores, ilumina-se e, ao mesmo tempo em que subtrai luz, joga sombras sobre a imagem do bosque de pinheiros que brilha ao fundo da sala escura. O visitante está, a um só tempo, bloqueando parcialmente a visão da obra, integrando-se a ela e tornando-a visível para um segundo observador. Na instalação criada por Albano Afonso para esta Temporada de Projetos, bastam presença e deslocamento para desestruturar toda a cena. Semelhante operação de...

Albano Afonso

Apartamento
Fernando Oliva
Na ação Caminhada ao redor da casa, Cristina Ribas realiza percursos aleatórios de afastamento/aproximação de sua própria residência, enquanto recolhe objetos, como tijolos, pedras, pedaços de cerâmica, porcelana e toda espécie de refugo da cidade, que geralmente passaria despercebido. Em seguida dá início a uma espécie de catalogação, uma "falsa arqueologia", que pressupõe o convívio com esses elementos. A artista se reapropria dos objetos fundamentalmente pelo tempo que ela pa...

Cristina Ribas

Clockwork
Fernando Oliva
Na instalação 60 Seconds in a Lifetime, de Cristina Barroso, a consciência da finitude, a impessoalidade e o racionalismo (noções relacionadas a centenas de tabelas de tempo simetricamente dispostas) são contrapostos às metáforas da transcendência e da ancestralidade (fotografias mostram sítios arqueológicos em Israel, na antiga região da Judéia). Esses emblemas da antiguidade funcionam como inserções pontuais no turbilhão frio e lógico das escalas, interrupções bruscas que ch...

Cristina Barroso

Engeoplan
Fernando Oliva
No filme Nouvelle Vague, de Godard, os personagens são forçados a se locomover, agir e se relacionar afetivamente em um dos ambientes mais padronizados, impessoais e, portanto, perversos que o homem ocidental criou: o escritório de uma empresa. Investindo sobre a traumática relação entre a subjetividade e esses espaços, Rodrigo Matheus tangencia questões semelhantes - e aqui podemos lembrar de outra referência vinda do cinema moderno: O Eclipse, de Antonioni. A obra apresentada no Paço...

Rodrigo Matheus

Epitáfio para isopor
Fernando Oliva
Epitáfio para Isopor pode ser entendida como uma opereta sem canções. Ou melhor, uma pantomima, por convocar uma gramática gestual de domínio comum. No projeto de Débora Bolsoni, apresentado na noite de abertura, o público acompanha a encenação por meio de um libreto. Porém não encontra ali um texto poético em consonância com a narrativa que acontece ao vivo, mas simplesmente imagens que reproduzem o comportamento dos intérpretes – ícones que buscam resumir cada um dos atos (com...

Débora Bolsoni

Errar é humano
Fernando Oliva
"Encontrei este tecido listrado que me permitiu fazer, em primeiro lugar, uma crítica pessoal e, em seguida, uma critica radical das obras de arte - reduzindo minha própria atividade a alguma coisa desesperada, quase nula: uma pintura que não é mais nada senão uma ponta de tecido bem visível, pois ele não é nem branco, nem bege, nem listrado, e sobre o qual há um traço de pintura cada vez mais reduzido. Eu queria fazer alguma coisa neutra, Impessoal." Daniel Buren É o acaso ...

Roger Barnabé

Fähigkeiten
Fernando Oliva
Fernando Oliva entrevista a artista Fernanda RappaFO Uma das preocupações centrais da sua produção parece ser a relação do homem e a cultura, de um lado, com a natureza, de outro. Um distanciamento cada vez maior entre eles. Esse afastamento passaria, em grande medida, por uma domesticação da natureza, naquilo que ela tem de incontrolável e muitas vezes selvagem. Isso me parece mais evidente na série Fähigkeiten. Você concorda? Por favor, poderia comentar, se possível citando outros...

Fernanda Rappa

Fauna
Fernando Oliva
Duas práticas incomuns ao universo da arte contemporânea, e em tudo estranhas à cultura brasileira tradicional, são convocadas por Lia Chaia para esta exposição no Paço das Artes: o tangram e a topiaria. Esta, na base dos jardins franceses e japoneses, é a arte de interferir na configuração das plantas e transformá-Ias em esculturas por meio de um processo de poda; aquela, surgida na China antiga, se baseia na combinação de sete peças geométricas, o que possibilita a criação de ...

Lia Chaia

Helena Martins-Costa
Fernando Oliva
“Tudo naquelas primeiras imagens era organizado para durar; não só os grupos incomparáveis formados quando as pessoas se reuniam, e cujo desaparecimento talvez seja um dos sintomas mais precisos do que ocorreu na sociedade na segunda metade do século, mas as próprias dobras de um vestuário, nessas imagens, duram mais tempo. Observe-se o casaco de Schelling, na foto que dele se preservou. Com toda certeza, esse casaco se tornou tão imortal quanto o filósofo: as formas que ele assumiu no...

Helena Martins-Costa

Marcellvs L.
Fernando Oliva
Um homem surge ao longe, atravessa um rio, água na altura do pescoço, sai pela margem, continua a caminhar decididamente na direção do espectador, sai pela esquerda. Fim.Uma simples, quase banal, mas incisiva e profunda operação de deslocamento. As transformações que acontecem no tempo e no percurso — ou melhor, pelo tempo e por meio do percurso — são a matéria pulsante de que se utiliza o artista mineiro Marcellvs L. em seu vídeo de número 0778, também conhecido por man.ro...

Marcellvs L.

Mise-en-scène
Fernando Oliva
Uma das maneiras de lidar com a tensão latente que é parte indissociável da obra de Regina Parra reside no debate histórico entre o “natural” e o “posado” no gênero do retrato – dilema que remonta ao século 18 (Chardin), atravessa a fotografia moderna no início do século 20 (desde Walker Evans) e chega até a produção contemporânea, seja a pintura figurativa (Gerhard Richter e sua série Baader-Meinhof, Lucian Freud, Luc Tuymans etc. etc.) ou o vídeo (os rostos em still de ...

Regina Parra

Nem dia nem noite
Fernando Oliva
“Viver é ser outro. Nem sentir é possível se hoje se sente como ontem se sentiu: sentir hoje o mesmo que ontem não é sentir – é lembrar hoje o que se sentiu ontem, ser hoje o cadáver vivo do que ontem foi a vida perdida.Apagar tudo do quadro de um dia para o outro, ser novo com cada nova madrugada, numa revirgindade perpétua da emoção – isto, e só isto, vale a pena ser ou ter, para ser ou ter o que imperfeitamente somos.Esta madrugada é a primeira do mundo. Nunca esta cor rosa ...

Giorgio Ronna

Ricardo Carioba
Fernando Oliva
Artista de muitos meios, Ricardo Carioba opta agora por estabelecer um tenso diálogo entre a videoinstalação e a pintura sobre madeira. Nesta exposição, ele parte de uma única forma, que podemos ver tanto como uma "janela estilhaçada" pop ou uma clássica configuração concretista - um passo adiante nas pesquisas estéticas de um concreto de primeira hora, Aluísio Carvão, em que a vibração ótica também empresta certos ritmos ao trabalho e a geometria delimita a cor, vermelhos e neg...

Ricardo Carioba

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