• Laleska (1999), 2'22'' 

    Bruno de Carvalho

  • The eyeland (1999), 10’

    Cao Guimarães

  • Desenho corpo (2002), 51’
    Lia Chaia

  • Mpolis (2001)
    Marcia Vaitsman
    instalação em computador 

  • Eu nunca esqueci (2001), 1’10’’
    Lucila Meirelles

  • Entre (1999), 6’
    Nina Galanternick

  • Privacy invasion (1995), 5´

     

    Inês Cardoso

  • Merréis (2000), 10´
    Leandro HBL

  • Máquinas de ver 1 (1999)

    Daniela Kutschat e Rejane Cantoni

    videoinstalação

  • Fluorescências (2001), 9’40’’
    Rachel Rosalen

  • Privacy invasion (1995), 5´
    Inês Cardoso

  • Visage (1999)
    Alberto Saraiva
    videoinstalação

  • Fluorescências (2001), 9’40’’
    Rachel Rosalen

  • Aurora (2002), 5´
    Jurandir Muller e Kiko Goifman

  • Merréis (2000), 10´
    Leandro HBL

  • Prelude to an announced death (1991), 5’
    Rafael França

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ARTISTAS

Alberto Saraiva

Bruno de Carvalho

Cao Guimarães

Daniela Kutschat e Rejane Cantoni

Inês Cardoso

Jurandir Muller e Kiko Goifman

Leandro HBL

Lia Chaia

Lucila Meirelles

Marcia Vaitsman

Nina Galanternick

Rachel Rosalen

Rafael França




Arlindo Machado é doutor em Comunicações e professor da PUC-SP e da ECA-USP. Publicou, entre outros, os livros Eisenstein: geometria do êxtase, A ilusão especular, A arte do vídeo, Máquina e imaginário, El imaginario numérico, Video cuadernos, Pré-cinemas & pós-cinemas, A televisão levada a sério, O quarto iconoclasmo, El paisaje mediático, além de inúmeros artigos em revistas como Dispositio, The independent, Chimaera, Acta poetica, Epipháneia, World art, Leonardo, Performance research etc. Foi também co-autor de Os anos de autoritarismo: televisão e vídeo, Rádios livres: a reforma agrária no ar e Made in Brasil: três décadas do vídeo brasileiro. Foi crítico de fotografia e vídeo na Folha de S. Paulo durante o período 1984-86. No terreno das artes, foi curador das exposições “Arte e tecnologia” (MAC-USP, 1985), “Cinevídeo” (MIS-SP, 1992, 1993), “A arte do vídeo no Brasil” (MAM-RJ, 1997), “Arte e tecnologia”, “A investigação do artista” e “Made in Brasil” (Itaú Cultural-SP, 1997, 2001, 2003). Organizou várias mostras de arte eletrônica brasileira para eventos internacionais como Getxoko III (Bilbao), Arco'91 (Madri), Art of the Americas (Albuquerque), Brazilian video (Washington), Medi@terra 2000 (Atenas) e L.A. Freewaves (Los Angeles). Participou do corpo de jurados de festivais tais como Videobrasil (São Paulo), BHZVideo (Belo Horizonte), Bienarte (Córdoba) e Artes Electrónicas (Buenos Aires). Christine Mello é pesquisadora, professora e curadora no campo das mediações tecnológicas. É doutoranda em Comunicação e Semiótica na PUC-SP, com estudos sobre o vídeo no Brasil. Realiza acompanhamento e leitura crítica de criadores em diversos meios, assim como projetos curatoriais relacionados ao vídeo e às novas mídias. Em 2003 fez parte da Comissão de seleção e programação do 14º. Festival internacional de arte eletrônica Videobrasil e a curadoria da exposição “Imagem não imagem” para a Galeria Vermelho, ambos em São Paulo. Em 2002 fez a curadoria de net art da representação brasileira para a 25ª. Bienal Internacional de São Paulo, integrou o corpo de curadores do Artmedia VIII (evento internacional organizado pelo Observatório Leonardo de arte e tecnologia – OLATS) e realizou também curadorias para: o L.A. Freewaves Festival (Los Angeles, EUA) em conjunto a Arlindo Machado;  para a 3ª. Muestra Internacional de Videoarte do Museu de Arte Moderna de Cartagena (Colômbia) e para a Usina do Gasômetro (Porto Alegre), em que empreendeu a curadoria “Enfrentamentos contemporâneos – retrospectiva Lucas Bambozzi”. Foi membro do Júri do 3º Prêmio Cultural Sergio Motta (2002), dedicado à arte-tecnologia. Possui artigos sobre artemídia publicados em coletâneas de livros e revistas científicas, como Made in Brasil: três décadas do vídeo brasileiro, organizado por Arlindo Machado e Cibercultura 2.0, organizado por Lucia Leão.

O corpo. entre o público e o privado

Arlindo Machado e Christine Mello

“A iluminação elétrica liquidou com o regime
de dia e noite, do interior e do lado de fora.”
Marshall McLuhan

Como compreender um mundo em que as experiências individuais assumem cada vez mais um caráter coletivo? Em que condições ocorre hoje a experiência sensória? Recordemo-nos de que, nos idos anos de 1920, a "vigília" e o "sonho" foram temas recorrentes no surrealismo. Dessa época, há uma pintura de René Magritte, L’Empire des lumières II, que reúne, em uma mesma cena, um céu azul com nuvens brancas em um dia límpido e claro, e uma rua escura, com árvores e casas sombreadas e um lampião aceso, em uma noite profunda. O céu, habitualmente uma presença etérea e imaterial, impõe-se, nesse quadro, como símbolo análogo à vigília, à situação diurna, objeto tangível e real que se dá a ver. Inversamente, o espaço da rua mostra-se como o lugar do devaneio, da cena noturna, em que se vivencia o sonho, a experiência subjetiva impalpável.

Podemos remeter as obras que compõem essa exposição à mesma circunstância. Nela, em lugar de tentar discernir especificamente em que situação se encontra o corpo, preferimos privilegiar as experiências ambíguas, os estados intermediários e as contaminações de um espaço pelo outro. Para tanto, apresentamos duas videoinstalações, um vídeo interativo e um conjunto de dez vídeos, totalizando 13 obras produzidas por 15 criadores brasileiros, que discutem o modo como as mídias condicionam o corpo, na vida pública e na vida privada.

Não se trata de pensar os âmbitos público e privado como temas desses trabalhos. Ao contrário, trata-se de notar como os artistas e suas ações oferecem um novo modo de perceber esses espaços. Assim como o céu de Magritte, o espaço público não pode mais ser distinguido de outros espaços ou ser localizado isoladamente, em uma relação de nitidez perante a realidade. Ele é o contexto cabível na sociedade contemporânea, o elemento tangível, espaço de vigília e do mundo dito “real”; enquanto o espaço privado se apresenta como o elemento mediador da realidade, lugar reservado à ampliação do sensório, ao sonho, ao imaginário. Mas ambos fazem parte de uma mesma realidade e, como no quadro de Magritte, eles são como a dobra um do outro, campos de reversibilidade e de cruzamento, inscrições recíprocas do dentro e do fora.

Os trabalhos aqui selecionados observam como os mecanismos de "vigiar" e "sonhar" são atualizados nos dias atuais, em que as mídias e os aparatos audiovisuais assumem um lugar central no reposicionamento do sujeito. Assim, a representação de nossa realidade é compreendida, nesses trabalhos, como um condicionamento recíproco dos corpos e dos meios tecnológicos.

Dessa maneira, os artistas aqui implicados – Alberto Saraiva, Bruno de Carvalho, Cao Guimarães, Daniela Kutschat, Inês Cardoso, Jurandir Müller, Kiko Goifman, Leandro HBL, Lia Chaia, Lucila Meirelles, Marcia Vaitsman, Nina Galanternick, Rachel Rosalen, Rafael França e Rejane Cantoni – vivenciam estratégias ético-estéticas de intermediação dos sentidos pelas máquinas, enquanto procuram repensar uma nova ordem para o sujeito na cultura da mediação tecnológica.

Corpo público e corpo privado mostram-se, na contemporaneidade, interligados, como o céu e a rua no quadro de Magritte. Trata-se de descobrir o que há de privado no corpo público e o que há de público no corpo privado. Nesse sentido, esta exposição nos dá a oportunidade de visualizar possíveis relações entre esses fenômenos e os possíveis embates enfrentados nos campos da arte/vida e da arte/mídia.

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